Cannabis medicinal

O Nepal prepara-se para o cultivo comercial de canábis medicinal

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O Nepal tem uma relação complexa com a canábis. Conhecida pelo seu uso tradicional em contextos religiosos e culturais, a planta foi proibida no país há cinco décadas. No entanto, a nação dos Himalaias está agora pronta para abraçar a canábis novamente, pelo menos para fins medicinais.

Na passada terça-feira, o ministro das Finanças, Barha Man Pun, anunciou a próxima legalização do cultivo de canábis para fins medicinais.

“As medidas legais necessárias serão implementadas para o cultivo comercial de maconha para fins médicos”, disse Pun na apresentação do orçamento fiscal de 2024/25, que será implementado a partir de julho.

Antecedentes históricos e panorama jurídico

A legalização da cannabis medicinal marca uma mudança significativa em relação à posição histórica do Nepal. Em março de 2020, Sher Bahadur Tamang introduziu, sem sucesso, um projeto de lei para legalizar a cannabis no país.

Atualmente, as leis do Nepal sobre a canábis são rigorosas, com penas que podem ir até três anos de prisão e multas até 150 euros por cultivo ilegal. Estas leis fazem parte de uma abordagem proibicionista mais ampla que muitos países adoptaram na segunda metade do século XX.

O caminho a seguir: implementação do quadro jurídico

As autoridades são agora responsáveis por definir os parâmetros da legalidade da canábis. O projeto de lei do deputado Tamang define vários aspectos fundamentais deste novo quadro. Os agricultores terão de obter uma licença de cultivo, o que garantirá que apenas pessoas autorizadas possam cultivar canábis. As vendas serão rigorosamente controladas por empresas médicas licenciadas e por agentes de exportação, criando um mercado regulamentado destinado a evitar abusos.

A legalização da cannabis medicinal no Nepal não é apenas uma alteração legal; tem implicações económicas e sociais de grande alcance. Ao regulamentar o cultivo e a venda – para exportação – de canábis, o Nepal tem a ganhar em termos económicos. O mercado mundial de canábis está em expansão e o Nepal, com as suas condições favoráveis de cultivo, poderá tornar-se um ator importante.

Além disso, esta medida poderá beneficiar os agricultores locais que, historicamente, dependem do cultivo de canábis para a sua subsistência. Ao legalizar e regulamentar o sector, o governo pode garantir que estes agricultores estão protegidos e podem trabalhar dentro da lei.

A nível social, a legalização da canábis medicinal pode também reduzir o estigma associado à planta. Durante décadas, o consumo de canábis foi criminalizado, o que resultou em percepções negativas e penas severas para os utilizadores. A legalização da canábis medicinal poderia mudar as atitudes do público, realçando os potenciais benefícios da planta em vez de se concentrar apenas nos seus riscos.

Desafios e considerações

Apesar dos potenciais benefícios, subsistem vários desafios. A implementação de um novo quadro legal requer um planeamento e execução cuidadosos. O governo terá de estabelecer directrizes claras para o licenciamento, cultivo e distribuição, bem como mecanismos de monitorização e aplicação da lei para evitar actividades ilegais.

Para além disso, a educação do público será crucial. À medida que o Nepal transita para uma nova política de canábis, será essencial educar o público sobre os benefícios e os riscos da canábis medicinal para garantir uma tomada de decisões informada e uma utilização responsável.

O calendário destas medidas é ainda incerto. Embora o anúncio seja um grande passo em frente, os aspectos práticos da legalização, como o licenciamento, a criação de organismos reguladores e a criação de uma infraestrutura de mercado, levarão tempo a ser implementados.

Perspetiva global

A decisão do Nepal de legalizar a canábis medicinal reflecte uma tendência global. Muitos países reconheceram o valor medicinal da canábis e alteraram as suas políticas em conformidade. Este movimento global é sustentado por provas científicas crescentes que demonstram a eficácia da canábis no tratamento de uma série de doenças, desde a dor crónica à epilepsia, e por um mercado que se está a tornar global, atraindo tanto os países emergentes para a produção como os países ocidentais para o consumo.

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