O que é um retrocruzamento?

A canábis tem tudo a ver com reprodução. Tal como os criadores de cavalos, os criadoresgostam de cruzar diferentes variedades entre si, para criar híbridos. Mais uma vez, tal como acontece com os cavalos, o cruzamento de duas boas variedades permite criar uma terceira variedade ainda melhor.

Vejamos um exemplo. Existem duas variedades de canábis. A primeira – chamemos-lhe V1 – é bastante energética, dá-lhe um burburinho e a sua alma artística ressurge. O problema? Não consegue dormir.

No dia seguinte, deixa a V1 na gaveta e toma outra, a variedade V2. É potente, alivia as dores quando regressa do treino de kickboxing e ajuda-o a adormecer. O problema? Não se consegue acordar.

Por isso, decide cruzar estas duas variedades para encontrar um meio-termo. Para isso, pega num pequeno pincel, no qual coloca o pólen da V1, e depois deixa-o cair nos pistilos da V2. Algum tempo depois, a sua V2 vai naturalmente dar sementes: são sementes V3, ou seja, um híbrido V1/V2.

Planta várias destas sementes V3 para fazer crescer uma planta de canábis. Mas fica desiludido. De uma semente para a outra, os efeitos são completamente diferentes: num dia adormeces, no outro ouves música toda a noite. Assim, criou uma variedade V3 “instável”. Isto significa que ela contém vários fenótipos.

Para passá-la de “instável” para “estável”, é preciso fazer um backcross ou retrocruzamento.

Cruzamento de um híbrido com o seu progenitor para o estabilizar

Antes de fazeres este backcross, vais ter de esperar pelo grande dia. O dia em que encontrarás a semente V3 perfeita, que combina maravilhosamente as qualidades dos seus pais V1 e V2. Então, quando tiveres esta semente V3 nas tuas mãos, vais cruzá-la.

Para fazer isso, você vai cruzar seu V3 novamente com um de seus pais, V1 ou V2, ou com ele mesmo. Se quiser que V3 seja mais alta, cruza-a com V1. Se quisermos que ela seja mais pedra, usamos V2. E assim por diante, até obter o resultado desejado.

Resumindo, então, o backcross resume-se a cruzar um híbrido com um progenitor. Isto servirá para reforçar as suas características e, sobretudo, para o tornar estável. Quanto mais se cruzar um híbrido, mais estável ele será, e mais provável será que se torne uma variedade por direito próprio.

É assim que procederam os maiores criadores dos últimos anos. É o caso, por exemplo, da história da Deedee. Esta variedade excecional, cujas flores se assemelham a pipocas, foi trabalhada durante vários anos antes de chegar à versão estabilizada que conhecemos hoje.

No entanto, os retrocruzamentos também podem ser exagerados. Se uma planta for cruzada com demasiada frequência, isso pode levar ao aparecimento de genes recessivos negativos na descendência.

Quando se faz o retrocruzamento, a melhor planta macho (em vez da fêmea) é geralmente selecionada para ser retrocruzada com a planta mãe. Normalmente, são necessárias quatro a cinco gerações de cruzamentos até que o cruzamento adquira as características constantes desejadas. Nesta fase, o cruzamento estabilizado do macho e da fêmea pode ser cruzado, produzindo um novo cruzamento.